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Com Malagueta e Maria Pia, ‘Pega-Pega’ mantém o ritmo e termina como novela de maior audiência no horário das 19h

Um roubo milionário, quatro ladrões inexperientes e uma equipe de policiais atrapalhados fizeram de Pega-Pega a novela com maior audiência desde “Cheias de Charme”. Surpreso? O fato é que a trama de Claudia Souto foi leve, mas teve um viés moral. A novela não caiu no boca a boca, não era comentada todos os dias, mas era assistida fielmente. As histórias paralelas roubaram a cena e foram conduzidas quase como principais. Apesar de o casal de protagonistas Eric (Matheus Solano) e Luisa (Camila Queiroz) não ter caído nas graças do povo, a dupla de antagonistas formada por Maria Pia (Mariana Santos), rejeitada pelo melhor amigo empresário, e Malagueta (Marcelo Serrado), o mandante do maior crime da trama, teve explosão de química e até uma torcida pelo casal “Malapia”, nome que os fãs deram ao relacionamento do ladrão e da assessora atrapalhada com “síndrome de patinho feio”.

Sandra Helena, a única ladra do quarteto, interpretada incrivelmente por Nanda Costa, trouxe frescor e alívio cômico para a tensão do crime cometido por ela, Júlio (Thiago Martins), Agnaldo (João Baldasserini) e Malagueta (Marcelo Serrado). Suburbana e deslumbrada, Sandroca fez o que queria com o dinheiro. Gastou com bolsas caras, roupas luxuosas, mimos, mas seu estilo continuou intacto, chamativo e vulgar. A personagem tentava mudar, mas mostrava que suas raízes não podiam ser modificadas. Com seu bordão “linda de bonita”, a cada transformação, ou a cada problema, Sandra Helena tinha ataques de riso e histeria. Houve até uma aproximação com Eric, dupla que caiu nas graças do público, mas foi impedida de acontecer. A química entre Matheus Solano e Nanda Costa era inegável, mas a autora preferiu seguir com o que já estava determinado e bateu o martelo: Eric continuava com Luisa.

Mas não foi só de casal e química que Pega-Pega sobreviveu. Toda a trama envolvendo Dom (David Junior), filho adotivo de Sabine (Irene Ravache), seus pais biológicos Madalena (Virgínia Rosa) e Christóvão (Milton Nascimento) foi muito emocionante. O público ficou bastante sensibilizado com a forma que a história se desenrolou. Um presente para os nossos olhos ver a atuação de atores tão incríveis que encaram um desafio com tanta sutileza.

Pega-Pega também provocou uma reflexão sobre a relação de pai e filho. Primeiro com Bebeth, intepretada por Valentina Herszage, que tinha um relacionamento conflituoso com seu pai Eric. Apesar de ter negligenciado a filha, o empresário construiu uma relação sólida com muito cuidado com garota já adolescente. Foi bonito de ver a evolução dos personagens e a verdade transmitida para o telespectador. E em segundo, a relação de Douglas (Guilherme Weber) com seu filho biel. O ponto principal dessa relação é que Douglas, que mantinha uma vida dupla de transformista na boate em que Luisa trabalhava, se descobriu pai de um garoto de nove anos. As atitudes do personagem e a forma como ele teve que lidar com os problemas trouxeram ainda mais humanidade para o gerente do Carioca Palace, que descobriu aos poucos a paternidade. Sem dúvidas Guilherme Weber aproveitou a oportunidade e o personagem cresceu muito ao longo da trama. Além disso, Douglas se mostrou o mais humano de toda a trama.

Não há dúvidas de que a grande revelação da trama tenha sido Mariana Santos. Com sua estreia nos folhetins, ela interpretou uma Maria Pia obsessiva, desequilibrada e que beirava à loucura. A dobradinha com Marcelo Serrado ganhou ainda mais o carisma do público com o contraste dos personagens. Maria Pia foi uma personagem cheio de nuances escuras que ganhava leveza e alívio nas cenas em que se mostrava mais humana, à medida que ficava menos focada em Eric).

O que fez de pega-pega não ser monótona é que todos os personagens estavam interligados em algum momento da trama. A todo momento havia uma conexão de núcleos que há muito tempo não se via em uma novela com tantos personagens. Seja o núcleo da vila, dos milionários, do hotel, da polícia, todos eles estava conectados e tinha uma história boa para contar, o que fez do folhetim das 19h ágil e sempre com um grande gancho no final de cada capítulo.

Que venha Deus Salve Rei e sua cidade medieval. Estou aguardando ansiosamente para comentar mais uma novela da 19h com vocês!

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Perfil

Bianca Lobianco é jornalista, carioca, tem quase 30, é fã de música pop, novelas e adora um hambúrguer. Vê na moda e na beleza uma possibilidade de se reinventar de acordo com o humor, sem grandes complicações.

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