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Do assédio à desigualdade salarial: #MeuAmigoSecreto evidencia o machismo que as mulheres sofrem por pessoas de seu próprio convívio

As redes sociais estão agitadas nesta semana. Tudo porque a hashtag #meuamigosecreto está sendo usada por mulheres para denunciarem seus colegas pelo machismo sofrido durante o convívio com eles.

Um dos assuntos mais comentados é sobre o assédio constante por parte dos homens que não respeitam se a vítima está de roupa curta, se bebeu demais na balada, ou se ela possui opiniões divergentes. O comportamento das mulheres também é uma das questões que mais são julgadas pelas pessoas que as rodeiam. Além disso, há ainda algo muito pior que é a pedofilia. Várias mulheres relataram que há diversos pais que tomam conta de suas filhas, mas que não deixam de cobiçar uma adolescente de 13 anos que passa usando um shortinho curto ou uma roupa que deixe seu corpo mais em evidência.

Reprodução Internet

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O movimento #meuamigosecreto está tocando na ferida mais íntima de milhares de mulheres que de alguma forma foram afetadas pelo comportamento opressor de seus “amigos”. É impressionante como em pleno 2015 ainda há pessoas misóginas, que não valorizam o trabalho das mulheres e fazem questão de diminuí-las por conta de sua aparência e de seu intelecto. A não igualdade salarial é sempre uma ferida latente que bate na consciência da mulher e a faz se sentir desvalorizada perante a sociedade. E ainda há pessoas que as julgam pela baixa produtividade no período menstrual e que preferem contratar homens a elas por causa da licença maternidade e de seu período de afastamento.

Infelizmente esse tipo de pensamento desqualifica a mulher. A sociedade patriarcal tradicional enraizou e padronizou o comportamento feminino de que a mulher foi feita para servir ao seu dono. Ora, que dono se toda mulher é livre e deve fazer o que quiser com o seu próprio corpo? É uma lástima ser julgada por um batom vermelho — que a deixa confiante —, uma roupa curta ou que evidencie suas curvas, ou até mesmo menosprezar a inteligência de uma mulher só porque ela é bonita.

Reprodução Internet

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Afinal, para os machistas não existe mulher bonita e inteligente. Existem apenas as inteligentes e as bonitas. Jamais essas duas qualidades poderão andar juntas em uma mesma pessoa. Ah, a hipótese de a mulher não casar, ou escolher não ter filhos, é sinal de que ela é frustrada, mal amada e infeliz. Até porque, para eles, a mulher foi feita para lavar, passar, cozinhar, tomar conta dos filhos e fazer as vontades do marido, não é mesmo?

A intolerância de gêneros também está sendo exposta de forma bem cruel. É o caso de homens que pensam que lésbicas apenas precisam ter relações sexuais com seus “amigos” para deixar o homossexualismo de lado. Esses homens são pessoas que jamais entenderão o que é identidade de gênero e todo o processo de aceitação que a própria pessoa passa. Jamais entenderão que as mulheres possuem totalmente o direito de escolher o que querem fazer com o seu próprio corpo e, pior ainda, acreditam que podem controlar mulheres por meio de relacionamentos abusivos, onde o agressor, seja de forma física ou psicológica, faz da vítima uma pessoa cada vez mais submissa, com baixa autoestima e em alguns casos completamente dependente do tal ‘amigo secreto’.

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E são tantas as queixas de homens que impõem o sexo sem camisinha como forma de agredir o corpo feminino apenas por conta do seu próprio prazer, que nem se preocupam se a parceira está correndo algum risco de pegar alguma doença venérea e sem cura, como a Aids, por exemplo. Há também os machistas que traem as namoradas, mas pregam a fidelidade aos quatro cantos, mostrando uma hipocrisia sem fim em seus discursos. Sem contar os inúmeros casos de racismo relatados nas redes sociais, que usam mulheres negras apenas para diversão sexual, mas na hora do compromisso sério, elegem uma mulher branca para ser a “felizarda” da vez.

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E se a mulher for solteira, bem resolvida e de bem com a vida, ou está ‘dando mole’, ou é ‘prostituta’ e merece ser estuprada, ou levar cantadas com frases mais obscenas possíveis. Parece que ainda estamos no período medieval, mas infelizmente é 2015 gritando e evidenciando mais ainda que o machismo está nas entranhas da sociedade e que precisa ser combatido pelo feminismo. Esse feminismo que tantas pessoas abominam justamente por não terem conhecimento de que o que as mulheres desejam é apenas respeito e igualdade de oportunidades. Pena que uma população tão esclarecida e culta ainda tem dificuldade de entender algo tão simples.

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Perfil

Bianca Lobianco é jornalista, carioca, tem quase 30, é fã de música pop, novelas e adora um hambúrguer. Vê na moda e na beleza uma possibilidade de se reinventar de acordo com o humor, sem grandes complicações.

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