Bem estar

Aborto é caso grave de saúde pública — É a mulher que deve decidir o que fazer com seu corpo

Foi-se o tempo em que a bancada religiosa não interferia na vida dos cidadãos. Tivemos um período em que o estado era laico e que as instituições não se misturavam. Eu disse assim mesmo, no passado. Porque agora parece que a bancada evangélica é quem comanda o Congresso Nacional e de lá as maiores atrocidades tem saído em forma de “melhoria para o povo brasileiro”, mas será que, de fato, essas decisões querem melhorar a vida da gente?

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Um projeto que criminaliza quem induzir a mulher a fazer o aborto e, pior ainda, que dificulta, impede e culpa a mulher que tomar a decisão de não ter a criança, inclusive em caso de estupro, só pode mesmo nos remeter aos tempos de idade média. Um tempo de escuridão onde a mulher era tratada como um ser secundário, que não tinha voz e nem vontades, além de não ter direito ao seu próprio corpo. Parece que os gritos de “Meu corpo, minhas regras” não foram o suficiente e ninguém do Congresso escutou. O retrocesso é tão grande que a cada dia uma notícia agride o brasileiro em sua forma mais íntima.

Temos um governo sem representatividade, formado por homens brancos, héteros e onde a minoria não é representada. Não há mulheres na base governista e um grande movimento contra o atual governo está sendo iniciado por elas. Agora as mulheres estão se opondo a assumir a Secretaria de Cultura, já que o Ministério da pasta foi completamente erradicado.

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Mas como sempre a corda arrebenta sempre para o lado mais fraco e seremos nós que cada vez mais teremos nossos direitos cerceados. Criminalizar o aborto, até em caso de estupro, é uma violência psicológica irreversível. E não há religião, fé, ou o Congresso que deva decidir o que será feito com o corpo da mulher, a não ser ela mesma.

E quanto mais o aborto for criminalizado, mais mulheres sem condições, à margem da sociedade, morrerão nas milhares de clínicas clandestinas que existem por aí. A cada dia uma mulher “desaparece” no mundo, vítima da falta de assistência médica. Porque o aborto ocorre todos os dias na vida de alguma mulher. E se fosse alguém da sua família?

O aborto não deveria ser tratado como crime, ou como caso de polícia. O aborto deveria ser tratado como um grande e devastador problema de saúde pública. E não adianta dizer que há métodos contraceptivos, pois eles falham. E quem responde por isso? Até quando?

Reprodução Internet

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Perfil

Bianca Lobianco é jornalista, carioca, tem quase 30, é fã de música pop, novelas e adora um hambúrguer. Vê na moda e na beleza uma possibilidade de se reinventar de acordo com o humor, sem grandes complicações.

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